terça-feira, 8 de abril de 2008

Pré- sença!


Estamos próximos na distancia
conectados sem instrumentos.


Num encontro indeterminado sinto:
Sua respiração,
Sua pré-sença.

No acalanto atencioso:
As palavras.
Na esperança:
Meu descanso.

sábado, 5 de abril de 2008

Ecos!



Como sobrevivo ?
Ação transformadora e co-construção
Meio ambiente = cidadania + ética nas relações
Devir
Reconhecer o outro como um Outro.
Reconhecer-se no outro?
Se sentir reconhecido: portanto, valorizado pelo Outro.
Humano
Eu empreendedor ?
Psicodrama & Teatro ?
Sonho & Realidade = utopia?
Como sobreviveremos ?

quinta-feira, 3 de abril de 2008

"Tele "


“... Dividimos o tempo em três partes: passado, presente e futuro. Essa divisão é falsa, absolutamente falsa. O tempo é relativamente passado e futuro. O presente não é parte do tempo, e sim da eternidade. Aquilo que passou é tempo, aquilo que está por vir é tempo. Aquilo que é não é tempo, pois ele nunca passa, ele sempre existe. O agora está sempre aqui – ele está sempre aqui. Este agora é eterno...” Osho

Essa reflexão contém o pano de fundo para minha tentativa de compreensão do que Moreno postula: Fator Tele. Pois as interações humanas se dão no momento presente. Daí a relevância desse grifo.
Martín, E. G. em Psicologia do encontro aponta que Moreno chegou ao conceito tele por dois caminhos: Pela sua experiencia de vida, e pela imposição de seu trabalho com os grupos: talvez aqueles primeiros trabalhos terapêuticos com grupos.
No teatro espontâneo percebeu que a atuação espontânea dos protagonistas produzia efeitos terapêuticos que surgia da interação entre os atores, fato que levou a hipótese de um fator terapêutico interpessoal.
Esse fato conduziu à observação de outro fenômeno: os atores não se empatizavam indistintamente, mas existia entre eles forças atuantes de simpatia e rechaço levando-o à hipótese de haver um fator operando nessas inter-subjetividades, conceituando-o de tele.
Etimologicamente o termo vem do vocábulo grego que significa longe ou distante,não derivando de telos, finalidade ou intencionalidade. No entanto não devemos se prender nesse caso à etimologia desse termo, para apreender o que moreno entendia sobre essa manifestação, entendemos Tele “como a menos unidade de sentimentos, transmitidos entre indivíduos” definida também como uma relação elementar que pode existir tanto entre indivíduos ( contexto bi-pessoal, grupal) , como entre indivíduos e objetos.
Segundo Moreno, “Tele é a percepção interna e mutua dos indivíduos, é o cimento que mantém os grupos unidos ( ...) Tele é uma estrutura primária: a transferência, uma estrutura secundária. Depois de se desvanecer a transferência, certas condições tele continuam operando. A tele estimula as relações permanentes e as associações estáveis. Supõe-se que no desenvolvimento genético da criança e tele surge da transferência.”1
Martín, E. G. tece conclusões a respeito dos desdobramentos desse conceito:
O fator tele se origina no momento presente e que a transferência é um sentimento provindo de “um lado” da relação, o tele é um sentimento de mão dupla; transferência, por ser um concito psiquiátrico só é válido para o psicopatológico enquanto que tele é um conceito útil para ao psicólogo, ao psiquiatra e ao sociólogo; a transferência é um conceito subjetivo enquanto tele é um conceito objetivo; transferência é causa de enfermidades, tanto no indivíduo quanto no grupo, porém o fator tele é um elemento são e terapêutico; a transferência é um fator secundário que aparece posteriormente na vida enquanto tele é um fenômeno primário que atua quase a partir de nascimento, entendendo que o fator tele opera a medida que a criança passa a distinguir o seu corpo de um outro corpo ou objeto (grifo meu).
Wilson Castello de Almeida define tele “como um processo emotivo projetado no espaço e no tempo em que devem participar duas ou mais pessoas. É uma experiencia de algum fato real verdadeiro autêntico, existente, não é uma ficção subjetiva. È sempre uma experiencia interpessoal no aqui e agora e não o sentimento ou emoção de uma só pessoa. “
Esse referencial contemporâneo procura entender o psicodrama a luz da filosofia fenomenológica-existencial e psicanalítica, cuja finalidade é oferecer uma ampliação conceitual dos termos morenianos, e completa dizendo que “ Para haver tele, há de haver, pois, intencionalidade, intuição e intersubjetividade”
Podemos entender tele como um desdobramento com referencial filosófico do encontro até a inversão de papeis:
“(...)Em lugar de passos imperativos , o imperador.
Em lugar de passos criativos, o criador.
Um encontro de dois: olhos nos olhos, face a face.
E quando estiver perto, arrancar-te -ei os olhos e colocá-los-ei no lugar dos meus;
E arrancarei meus olhos
para colocá-los no lugar dos teus;
Então ver-te-ei com os teus olhos
E Tu- me-ás com os meus.
Assim, até a coisa comum serve o silencio
E nosso encontro permanece a meta sem cadeiras:
O lugar indeterminado, num tempo indeterminado,
A palavra indeterminada para um Homem indeterminado(...)”
Moreno.
Concordo com Wilson Castello de Almeida ai afirmar que tele, transferência, vinculo,
identificação, empatia imitação são atributos humanos diferentes entre si. Cada um com um tipo de registro no intra e no interpsiquico, mas com a possibilidade de estarem próximos, em participação isolada ou concomitantemente, no núcleo existencial do indivíduo.
Heidegger, 1926. Em Ser e Tempo, propõe que “... A abertura da co-presença dos outro, pertence ao ser-com, significa: na compreensão do ser da presença já subsiste uma compreensão dos outros, porque seu ser é ser-com ...” pg.180
A intersubjetividade é a inter-relação dos fenomenos psíquicos revelando em função da relação intencional, é a intercomunicação de consciência e de subjetividades, pelo qual o homem é coexistente.
Dalmiro M. Bustos postula que a capacidade transferencial é algo potencial em todo ser humano, o terapeuta pode perceber transferências próprias estimuladas pela relação com seu paciente; a diferença está em que poderá objetiva-las para compreender desde ai aspectos profundos de seu paciente fazendo com que seja fundamental o tratamento profundo dos
terapeutas permitindo manejar positivamente suas vivencias a fim de proporcionar ao paciente experiencias genuinamente terapêuticas.
Assim como ambos são capazes de transferência, também ambos são capazes de tele e é sobre esse alicerce que se edifica fundamentalmente a relação terapêutica, “ o processo de cura vai-se dando quando em uma relação terapêutica, na qual domina a transferência, vai-se incrementando o aspecto tele, ambos se conheceram profundamente, pois ainda que a atenção central esteja no paciente, o terapeuta está em jogo continuamente nesta relação e da experiencia recíproca nasce um conhecimento também recíproco.” Bustos, 1977.
1A transferência é o desenvolvimento de fantasias ( inconscientes ) que o paciente projeta no terapeuta, cercando-o um certo fascínio. Mas há um outro processo que tem lugar no paciente, naquela parte do seu ego que não é afetada pela auto-sugestão. Por meio dela, o paciente avalia o terapeuta e percebe intuitivamente que espécie de homem ele é. J.L. Moreno.