quarta-feira, 21 de abril de 2010

O modo próprio de Ser

A fenomenologia ontológica de Martin Heidegger vai tratar do que seria o fenômeno do ser. Para isso ele parte de uma tentativa de compreensão do que seria singular no ser humano. Para o pensador alemão o homem existe, diferente das coisas que apenas são, e tem que dar conta da sua própria existência. De acordo com isso, o ser humano é o ser-aí, (Dasein), que já se encontra no mundo, sempre aberto para compreendê-lo.

O homem é essa abertura para algo que lhe é presente. Essa compreensão de mundo sempre se dá de um modo, sempre traz consigo um sentido, um jeito de se perceber o mundo e o homem. Logo, o homem ao interpretar o mundo, já se interpreta na relação estabelecida. Essa forma de ser está dentro de uma rede significativa que seria o modo de ser deste homem no mundo. O modo de ser no qual o homem se relaciona não é fixo, mas sempre mutável por ser uma construção continua junto ao mundo. Ao mesmo tempo em que o homem não existe sem o mundo (e por isso a palavra ser-aí, ou ser-no-mundo, inseparáveis, escrita assim para falar do ser homem), também não existe sem os outros seres humanos, por isso, uma das características do ser-no-mundo é ser-com-os-outros.

O homem seria essa abertura para o mundo no qual já está, seria uma clareira onde as coisas que se mostram podem aparecer e serem compreendidas, dotadas de sentido. O Dasein sempre se abre de uma maneira, que varia. Porém, conforme Heidegger (1999): “Sendo sempre o mesmo, possui nas muitas alterações, o caráter de próprio”. Nesse contato com o mundo, o Dasein vê o que ele mesmo é, ao mesmo tempo em que vê o que não é. Esse não ser ele mesmo não é ausência de ser, mas indica um determinado jeito de ser do Dasein, como a perda de si próprio, por exemplo.

O Dasein, nesse ser-com-os-outros, não dá conta sozinho do seu próprio ser, mas está sob a tutela dos outros (Heidegger, 1999). Não é ele próprio que é, os outros lhe tomam o ser. Assim se delineia a noção de modo próprio ou impróprio do ser. O Dasein sente que o modo como está sendo no mundo é uma forma bem própria dele, que está sendo autêntico; ou pode sentir que está sendo de um modo que não é seu; ou mesmo nem sentir, pensar-se sendo si mesmo enquanto segue com todos.
 

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